terça-feira, 24 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Agora, Padre Cícero poderá ser absolvido pela Santa Sé

“O fenômeno de Juazeiro” aconteceu em 1889 quando a religiosa Maria de Araújo foi protagonista de um fato chamando a atenção de uma assistência, que no momento da missa, presenciou um suposto milagre, a hóstia que lhe fora ministrada pelo Padre Cícero, pároco de Juazeiro do Norte, transformou-se em sangue na sua boca. Caso que voltou a aconteceu por várias vezes em outras comunhões da beata. Um milagre? Uma coincidência pelo fato de Maria de Araújo sofrer hemoptise, uma expectoração sanguínea? Ou um embuste? O certo é que o acontecimento, desde então, foi e vem sendo estudado e analisado pela Igreja Católica, por médicos, cientistas, antropólogos, jornalistas, historiadores e escritores.
A novidade é que o conceituado jornalista cearense Lira Neto lança, neste mês de novembro seu livro com 576 páginas ao custo de R49,00, editado pela Companhia das Letras, “Padre Cícero – Poder, Fé e Guerra no Sertão”, esperado para ser um best seller, incluido na lista dos mais vendidos neste final de ano.
Os relatos do livro, referentes à passagem desse suposto milagre, parecem vividos pelo jornalista Lira Neto que diz não ser religioso, mas em nenhum momento nega o fenômeno, acrescentando que “alguma coisa aconteceu ali”. Em vários trechos Lira Neto narra o fato com certa ironia e humor. Por outro lado mostra muito respeito pela crença e devoção alheia.
Na reconstituição da história do Padre Cícero o jornalista ouviu autoridades do Tribunal do Santo Ofício da Igreja em Roma e pesquisou o acervo da Cúria Diocesana de Crato. Diz ter tido informações privilegiadas dentro do próprio Vaticano, mas não revela as fontes.
Até bem pouco tempo esta Gazeta de Notícias tomou conhecimento que as incursões do bispo diocesano do Crato dom Fernando Pânico, principalmente a da comitiva composta pelo então governador do Estado Lúcio Alcântara, o prefeito de Juazeiro do Norte Raimundo Macedo, outras autoridades, a imprensa do Ceará, inclusive a consulente do Brasil, foi recebida pelo Vaticano como uma forma de pressão política no caso da reabilitação do Padre Cícero. “O Vaticano repudia qualquer pressão em suas ações. Isso pode até retardar mais ainda o julgamento da reabilitação do Padre Cícero”, cita outra fonte do jornal L’Osservatore Romano, através de e-mail com esta Gazeta de Notícias. No entanto, é comentado dentro do Vaticano que, a reabilitação do Padre Cícero está sendo estudada como uma estratégia para reverter o êxodo de fiéis católicos que demandam para as igrejas evangélicas, já que o misticismo do Padre Cícero, leva multidões à cidade de Juazeiro do Norte. E isso, ele sendo requalificado, poderá ajudar na reversão desse litígio.
A vida de Cícero Romão Batista está mais para uma “saga”, do que propriamente uma história religiosa, já que são narrativas cheias de propícios e contestações.
O título do livro de Lira Neto, “Padre Cícero, Poder, Fé e Guerra no Sertão”, per si, conta quem foi o levita do nordestino.
A editora Companhia das Letras nos apresenta a síntese do livro:
Sinopse: “Padre Cícero, Poder, Fé e Guerra no Sertão” é o resultado da pesquisa de Lira Neto. Nesta biografia, o autor se debruça sobre a vida do líder - Cícero Romão Batista, o Padim Ciço dos romeiros e fiéis. Baseado em documentos, o autor reconta os noventa anos de vida do sacerdote, desde seu nascimento no sertão cearense até a consagração como líder popular. A obra pretende desfazer equívocos históricos e ajudar a enxergar o homem por trás do mito. O livro é dividido em duas partes, que apresentam diferentes momentos da vida de Cícero. Em ‘A Cruz’, o foco está na religião - a ordenação como padre, os supostos milagres, os primeiros conflitos com o bispado cearense, que chegaram ao Vaticano e culminaram em seu afastamento da Igreja. Em ‘A Espada’, aborda a política, carreira que Cícero abraçou depois de proibido de ordenar. Depois de lutar pela emancipação de Juazeiro, cidade da qual foi prefeito por quase vinte anos, Cícero elegeu-se vice-presidente do estado do Ceará. Chegou a apadrinhar um exército de jagunços, numa revolução armada que levou à derrubada do governo local; aproximou-se de Lampião, de quem buscava apoio para combater a Coluna Prestes; arquitetou um pacto entre os coronéis sertanejos, que ajudou a apaziguar a região e fez de Juazeiro o centro das aristocracias rurais do Ceará. Já perto do fim da vida foi eleito deputado federal, e ainda fez oposição a Getúlio Vargas.

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