O termo sumiu da mídia; não há mais "alto clero". Seus parlamentares
morreram, aposentaram-se, queimaram-se ou perderam o viço. Passaram. A
Grande Política se esvaziou e não houve renovação à altura - ou foi o
contrário. O "baixo clero" mostrou-se mais adaptável a esses desertos e
passou a controlar o processo, elevando custos de transação!
Não é de hoje, nem exclusiva é a responsabilidade dos sucessivos
governos - tanto cúmplices quanto vítimas. A hegemonia de "baixo clero"
se estabeleceu como um Minotauro que domina o labirinto: é exasperante e
impede as saídas. A influência passou a ser medida pela capacidade de
pressionar o Executivo; arrancar-lhe cargos, Obras e recursos. Pode ser
até normal, o ruim é que se limite a isto.
Atendendo aos
reclamos das bases, conquistam-se exércitos de pares agradecidos, fiéis e
capazes de pressionar os governos. As cabeças da hidra se multiplicam e
suas bocas são ainda mais vorazes. O PMDB é o especialista em alimentar
a fera, mas alógica da maioria dos partidos é copiá-lo. Todavia, falta o
que dizer sobre desafios que batem à porta: qual a agenda da segurança,
como superar o pibinho, por exemplo? O silêncio é constrangedor: o
Parlamento não pode ser entendido como o sindicato dos políticos.
Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves não pintaram sozinhos este
quadro. Apenas viveram e compreenderam a sua transformação, ao longo dos
anos; estão entre os que melhor o manipulam. Resultado de uma seleção
adversa - estabelecida na política, mas definida pela sociedade -, não
são causa, mas efeitos e beneficiários desses males. O que restou.
Primus inter pares.
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