segunda-feira, 10 de junho de 2013

Governo do Ceará compra usina para reativar produção sucroalcooleira

Gazeta de Notícias - A Usina Manoel da Costa Filho, na região do Cariri cearense, fechada desde 2005, voltará a funcionar após a intervenção do governador Cid Gomes (PSB). O Estado acaba de comprar a unidade pelo valor de R$ 15,4 milhões, no leilão realizado pela Justiça do Trabalho, nesta sexta-feira (07), em Fortaleza. O lance foi dado pelo presidente da Agência de Desenvolvimento do Ceará, Roberto Smith. A União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida) parabenizou a decisão do governador, visto que a ação impulsionará a produção sucroalcooleira local novamente. 
Quando estava em pleno funcionamento, somente a Usina Manoel da Costa Filho, representava 4% do PIB estadual. Para Alexandre Andrade Lima, presidente da Unida, a posição do governo foi a mais justa e acertada, mostrando sensibilidade com o seu povo e com a sua vocação econômica. A região do Carirí possui excelente potencial da produção canavieira, porém, estava sem perspectiva com o fechamento da usina. “A sua aquisição, acompanhada de sua requalificação, promoverá o desenvolvimento socioeconômico da região mais uma vez”, comemora. 
Logo após o arremate da usina pelo governo, Lima, que acompanhou o leilão, foi convidado pelo secretário do Desenvolvimento Agrário, Nelson Martins, para contribuir no processo que definirá o modelo de gestão da unidade. “Defendemos, que a usina seja vendida a uma cooperativa de produtores cearenses de cana, que pagaria o montante investido pelo poder público, na medida em que a usina volte a produzir”, diz. O dirigente cogita ainda a comercialização e operação dela por meio de uma Parceria Público Privada (PPP). 
Contradições – enquanto o governador Cid Gomes aposta no setor sucroalcooleiro do seu estado, reativando um importante equipamento para o desenvolvimento socioeconômico do Ceará, o governo de PE só observa o fechamento de várias usinas e destilarias no seu estado. “Do ano de 2010 pra cá, duas destilarias (PAL, em Nazaré da Mata; e São Luiz, em Marraial) e duas usinas (Catende, na cidade de mesmo nome; e Cruangi, em Timbaúba) fecharam as portas, provocando problemas sociais significativos”, conta Lima. 
O dirigente lembra que o caso da Catende é ainda mais emblemático, visto que ela é fruto de uma política público do antigo governador Miguel Arraes. “É oportuno dizer que a usina se arrasta de leilão em leilão sem resolução, enquanto o povo daquela região amarga o prejuízo de ver suas terras produtivas, sem nenhuma utilização por falta de qualquer intervenção pública no caso", lamenta Lima, dizendo que tem de haver alguma proposta do governo estadual para finalizar a peleja.
 

A GERAÇÃO “SUPERIORA”

Humberto Pinho da Silva
Por Humberto Pinho da Silva


 Pedro Barbosa é professor do IPAM. Segundo jornal “ Metro” (24-04-13), inutilmente luta para que o tratem pelo nome. Sempre que precisa de “ cartões” ou escreve artigos, na imprensa, lá colocam, ao lado do nome de batismo, o título de doutor engenheiro. Os próprios alunos, teimam tratá-lo por professor ou doutor, e só muito constrangidos, timidamente, se aventuram chamá-lo por tu.
De igual parecer era António Lopes Ribeiro, conhecidíssimo realizador de cinema, e autor de popular programa televisivo.
Estando meu pai na livraria Figueirinhas, no Porto, aproximou-se Fernando Figueirinhas, acompanhado de cavalheiro, magro, alto, elegantemente vestido. Era António Lopes Ribeiro.
Após minutos de conversa, o cineasta, debruça-se ligeiramente, e avizinhando os lábios, da orelha de meu pai, ciciou todo risonho:
- “ Ó Sr. Pinho da Silva! Vou pedir-lhe um grande favor! Não me trate por doutor! Tenho nome e orgulho-me dele!”
Mário Soares - ex-presidente da República Portuguesa, - declarou, na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo: “ Em Portugal, o doutor, é qualquer coisa de extraordinário, quase um título de nobreza. (“ O Primeiro de Janeiro” pag.6 - 21/09/92).
Na verdade assim é. Se outrora o que dava status, era título nobiliárquico, com a Republica, os graus académicos vieram substituir os de nobreza.
Recordo, agora, o fidalgo do Outeiro, separado da mulher. Ao ter conhecimento que uma das suas duas filhas casara com estudante de medicina, vociferou revoltado e desalentado:
- “ Céus! - bradou Caetano - uma minha  filha casada com um estudante de cirurgia!… Em que situação vergonhosa ela já estava!…” - “ Mistérios de Fafe” de Camilo Castelo Branco.
Certa ocasião fui convidado, a jantar em casa de amigo meu. A filha, recentemente formada em Letras, estava presente. No decorrer do repasto, a jovem, disparou: - “Pai: ninguém me trata de doutora! …”
Este, de lábios cheios de sorrisos, soltou:
- “ Não seja por isso! Eu passo a chamar-te por Senhora doutora!”
Apesar dos títulos académicos, devido às Faculdades terem, nos últimos décadas, vomitado milhares de doutores, perdido muito do prestígio que possuíam no século XX, ainda há quem faça questão de ser tratado assim.
João Adelino Faria, da RTP, ao moderar debate político, verificou que um dos intervenientes recusava entrar nos estudos, porque não fora tratado por doutor.
Por isso, quando Álvaro Santos Pereira, que lecionava em famosa universidade canadiana, chegou a Lisboa - a convite do governo para ocupar o cargo de Ministro de Economia, - e declarou, aos jornalistas, que podiam chamá-lo apenas por Álvaro, caiu o Carmo e a Trindade, e o prestígio do professor, desceu no conceito da sociedade portuguesa.
Não admira, portanto, que jovens, após receberem o diploma, afastem-se de pais, familiares e amigos, que não tiveram capacidade, sorte ou oportunidade, de ingressarem no ensino superior.
Muitos proferem ufanamente: A nossa geração está melhor preparada, e é mais inteligente, que a anterior.
Esquecem-se, que foi à custa do suor de muitos trabalhador iletrado, dos que labutaram no campo e na oficina, enfim: dos contribuintes, que puderam frequentar a universidade, pagando quantias irrisórias – Cada aluno universitário custa ao contribuinte: 4000 a 10000 euros, ano, consoante o curso.
A maioria dos idosos, podem ser ignorantes, concordo, mas merecem respeito, para não dizer veneração. Foi com seu trabalho, e muitas vezes com o seu sacrifício, que esta geração “ superiora”, alcançou sabedoria.

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