sábado, 26 de setembro de 2015

Orlando Silva o eterno cantor das multidõers

Gazeta de Notícias - Texto de Manoel Patrício de Aquino
Nezinho Patrício no lado esquerdo da foto e Orlando Silva cortando a fita
O próximo dia 3 de outubro é a data que marca o centenário de nascimento de um inesquecível carioca.  De um  “ Carioca Boêmio”,  como ele próprio se intitula  na brejeirice deste chorinho --- título de uma  gravação RCA Victor em disco de 78  r.p.m.   em cera de carnaúba.
Trata-se de ORLANDO GARCIA DA SILVA ---  ou simplesmente ORLANDO SILVA  ---  o  divino  CANTOR DAS MULTIDÕES .  Um dos mais perfeitos do mundo. Isto na opinião de famosos maestros e compositores brasileiros e estrangeiros, fazendo coro com incontáveis  declarações  de   abalizados críticos do nosso cancioneiro popular.
 ORLANDO SILVA,  podemos  também afirmar  sem receio de contestação, é,   indiscutivelmente,  uma das maiores expressões da genuína  Música Popular Brasileira em todos os tempos. Assim,  ORLANDO  não foi apenas  “um carioca, boêmio sambista, com sangue de artista que vivia feliz a cantar”, tal como se mostrava na sua extrema  simplicidade. Mas em verdade foi e é,  pelos registros perpetrados na discografia, um destacado expoente da Arte Popular do Brasil.
  De origem humilde, chegou aos píncaros da glória. Mas se manteve sempre como uma pessoa modesta e recatada. Era extremamente sentimental. Teve altos e baixos na vida. Mas venceu. E nos ofereceu exemplos de fé, de  muita luta, de vitórias, de  amor e dignidade. Apresentou-se no Crato por duas vezes.
Com a esposa (Dona Lourdes), Hospedou-se no Crato Hotel ( hoje, Hotel Vila Rica). Passeou por nossas ruas, andando pelo comércio. Pediu para ser e foi fotografado por Telma e Satisfeito no Foto Saraiva. Esteve no Balneário Público da Nascente. Concedeu autógrafos e distribuiu fotos.
Paulinho Barreto, Geraldo Pinheiro, Orlando Silva
e Nezinho Patrício em novembro de 1966
 Orlando e esposa foram  homenageados,  de maneira especial,  num concorrido almoço na residência do casal Francisco Araújo Teles (TUTITA) / Maria Eunice , na Rua Coronel Secundo. No então Distrito do Lameiro, cortou a fita simbólica, auriverde,  de inauguração de uma frondosa árvore --- a  Mangueira Orlando Silva.  Na ocasião,   cantarolou trechos do antológico samba-canção “Meu Romance” ( autoria de J. Cascata).
Estive nos inesquecíveis eventos do almoço e no da inauguração da Mangueira. Dezenas de fãs também gozaram da felicidade daqueles inesquecíveis momentos.  Agora, nos preparamos para as comemorações do Centenário. A festa principal será no Sítio “COQUEIRO VELHO” (referência a um clássico da MPB), de propriedade do ardoroso fã Tutita. Antes,  por iniciativa dos INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI, afixaremos placas especiais  na  Rua Orlando Silva ( Lei n°.1245, de 20/março/1985, bairro Jardim Novo Horizonte, CEP 63.108-020,   aqui no Crato).
Orlando Silva estreou em 23 de junho de 1934.  Aos 19  anos, pois;   na Rádio Cajuti  (anagrama de Tijuca) do Rio de Janeiro.  Fora descoberto e levado ao rádio por Francisco Alves, o famoso Chico Viola, cognominado O Rei da Voz,   à época a figura mais proeminentes dos meios  artísticos e radiofônicos. A partir de então, o jovem suburbano do Méier logo se transformaria num  “hors-concours”,  num Monumento Vivo da Arte Pura, mercê da voz impecável, sem igual, de beleza edênica.
Deus  levou Orlando Silva no dia 7 de agosto de 1978.
A nossa saudade é imensa;   mas ele, lá onde se encontra, certamente  está muito melhor do que se ainda estivesse por aqui...  Quem sabe, vertendo lágrimas ante os estertores da canção;  e presenciando a inexorável marcha da morte da seresta .

TRIBUTO  A  ORLANDO SILVA

          Orlando  Garcia da  Silva  –  RIO, 03/out./1915 --- 07/agosto/1978 )
 ( Expoente da MPB - 
Virtuose nos encantos do canto,
Do canto-pureza de beleza ímpar,
O soberbo pássaro,
Silente agora,
Alçou o seu voo derradeiro  !

Ele que era , ante as multidões enlevadas,
Voz maior na Música Popular Brasileira ;
A maviosa gota de lágrima do samba, do chorinho,
Da canção, da serenata eterna,
Empreende viagem aos páramos celestes !

O soberano pássaro,
Agora silente está,
Eis que alçou o seu voo de despedida !


E há um pesar profundo na alma popular,
Que se extasiava com a perfeição da arte
Que ele, sublime, presenteava ao povo ,
A essa gente brasileira, a quem tanto amava.

E nós todos, Orlando,  
Aqui, à distância que não sabemos,
Estamos tristes ;

Profundamente tristes porque
Enfim, Deus cansou de ouvir-te... de tão longe !




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