Gazeta de Notícias - Texto de Manoel
Patrício de Aquino
Nezinho Patrício no lado esquerdo da foto e Orlando Silva cortando a fita |
O próximo
dia 3 de outubro é a data que marca o centenário de nascimento de um inesquecível
carioca. De um “
Carioca Boêmio”, como ele próprio se
intitula na brejeirice deste chorinho
--- título de uma gravação RCA Victor em
disco de 78 r.p.m. em
cera de carnaúba.
Trata-se de ORLANDO GARCIA DA
SILVA --- ou simplesmente ORLANDO SILVA --- o divino
CANTOR DAS MULTIDÕES . Um dos
mais perfeitos do mundo. Isto na opinião de famosos maestros e compositores brasileiros
e estrangeiros, fazendo coro com incontáveis declarações
de abalizados críticos do nosso cancioneiro
popular.
ORLANDO SILVA,
podemos também afirmar sem receio de contestação, é, indiscutivelmente, uma das maiores expressões da genuína Música Popular Brasileira em todos os tempos.
Assim, ORLANDO não foi apenas
“um carioca, boêmio sambista, com
sangue de artista que vivia feliz a cantar”, tal como se mostrava na sua
extrema simplicidade. Mas em verdade foi
e é, pelos registros perpetrados na
discografia, um destacado expoente da Arte Popular do Brasil.
De
origem humilde, chegou aos píncaros da glória. Mas se manteve sempre como uma
pessoa modesta e recatada. Era extremamente sentimental. Teve altos e baixos na
vida. Mas venceu. E nos ofereceu exemplos de fé, de muita luta, de vitórias, de amor e dignidade. Apresentou-se no Crato por
duas vezes.
Com a esposa (Dona Lourdes),
Hospedou-se no Crato Hotel ( hoje, Hotel Vila Rica). Passeou por nossas ruas,
andando pelo comércio. Pediu para ser e foi fotografado por Telma e Satisfeito
no Foto Saraiva. Esteve no Balneário
Público da Nascente. Concedeu autógrafos e distribuiu fotos.
Paulinho Barreto, Geraldo Pinheiro, Orlando Silva e Nezinho Patrício em novembro de 1966 |
Estive nos inesquecíveis eventos do
almoço e no da inauguração da Mangueira. Dezenas de fãs também gozaram da
felicidade daqueles inesquecíveis momentos. Agora, nos preparamos para as comemorações do
Centenário. A festa principal será no Sítio “COQUEIRO VELHO” (referência a um
clássico da MPB), de propriedade do ardoroso fã Tutita. Antes, por iniciativa dos INSTITUTO CULTURAL DO
CARIRI, afixaremos placas especiais na Rua
Orlando Silva ( Lei n°.1245, de 20/março/1985, bairro Jardim Novo
Horizonte, CEP 63.108-020, aqui no Crato).
Orlando Silva estreou em 23 de junho
de 1934. Aos 19 anos, pois; na Rádio Cajuti
(anagrama de Tijuca) do Rio de Janeiro. Fora
descoberto e levado ao rádio por Francisco Alves, o famoso Chico Viola,
cognominado O Rei da Voz, à
época a figura mais proeminentes dos meios
artísticos e radiofônicos. A partir de então, o jovem suburbano do Méier
logo se transformaria num “hors-concours”,
num Monumento Vivo da Arte Pura, mercê
da voz impecável, sem igual, de beleza edênica.
Deus
levou Orlando Silva no dia 7 de agosto de 1978.
A nossa saudade é imensa; mas ele, lá onde se encontra,
certamente está muito melhor do que se
ainda estivesse por aqui... Quem sabe,
vertendo lágrimas ante os estertores da canção; e presenciando a inexorável marcha da morte da
seresta .
TRIBUTO A
ORLANDO SILVA
Orlando Garcia da
Silva – RIO,
03/out./1915 --- 07/agosto/1978 )
(
Expoente da MPB -
Virtuose nos
encantos do canto,
Do
canto-pureza de beleza ímpar,
O soberbo
pássaro,
Silente
agora,
Alçou o seu
voo derradeiro !
Ele que era
, ante as multidões enlevadas,
Voz maior na
Música Popular Brasileira ;
A maviosa
gota de lágrima do samba, do chorinho,
Da canção,
da serenata eterna,
Empreende
viagem aos páramos celestes !
O soberano
pássaro,
Agora
silente está,
Eis que alçou
o seu voo de despedida !
E há um
pesar profundo na alma popular,
Que se
extasiava com a perfeição da arte
Que ele,
sublime, presenteava ao povo ,
A essa gente
brasileira, a quem tanto amava.
E nós todos,
Orlando,
Aqui, à
distância que não sabemos,
Estamos
tristes ;
Profundamente
tristes porque
Enfim, Deus cansou de ouvir-te... de
tão longe !
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