terça-feira, 8 de outubro de 2013

Mulheres no Colégio Cardinalício?


 José Lisboa Moreira de Oliveira - Adital

Correu a notícia de que o papa Francisco pretende inserir mulheres no Colégio Cardinalício. As reações foram as mais diversas. Para os católicos conservadores ou tradicionalistas é o fim do mundo. Para os católicos de mente aberta, sensíveis aos sinais dos tempos, uma resposta corajosa do papa aos apelos de Deus.
Em princípio a notícia não deveria causar surpresa, uma vez que segundo o atual Direito Canônico (cân. 349) o Colégio de Cardeais tem três funções básicas: 1) eleger o papa, ou seja, o bispo de Roma; 2) assessorar colegialmente o papa, especialmente quando convocados para tratar de determinadas questões; 3) assessorar o papa individualmente através de determinados ofícios ligados principalmente ao cuidado da Igreja universal.

A maior dificuldade parece ser a questão da eleição do papa, uma vez que, com o passar do tempo, esta tarefa foi sendo clericalizada. Os cardeais são homens (varões) que devem ter pelo menos o sacramento da ordem no grau do presbiterado (cân. 351). Como tais eles são considerados presbíteros da Igreja de Roma, exceto os cardeais das Igrejas Orientais, que participam da eleição do papa como titulares de suas sedes patriarcais (cân. 350 § 3). Mesmo sendo bispos de outras Igrejas, os cardeais na condição de "presbíteros romanos” participam da eleição do papa, mantendo-se assim o princípio de que o bispo de Roma deve ser eleito por representantes da Igreja romana. Porém, sabemos que essa pertença à Igreja de Roma é apenas formal ou fictícia, pois, na verdade os cardeais são bispos de outras Igrejas. Essa praxe de dar a eles o título de uma Igreja ou paróquia romana (cân. 350 § 1) é apenas uma medida que visa formalizar uma pertença que não é real.

Se voltarmos às origens da Igreja, vamos ver que esse impasse pode ser resolvido sem maiores problemas. Sabemos que na Igreja primitiva a eleição dos bispos se dava através da intervenção direta do povo da comunidade cristã local. Morto o bispo ou instituída uma Igreja local, o povo (clero e leigos) se reunia, normalmente na Igreja catedral, para a eleição do novo bispo. A coisa era tão séria que ninguém podia ser ordenado diácono, presbítero ou bispo, sem que antes tivesse sido escolhido (eleito) pela comunidade à qual ele ia servir. O concílio de Calcedônia (451 d. C.) decretou que toda ordenação que não fosse precedida da eleição ou indicação do candidato por parte do povo deveria ser considerada inválida. Sabemos de casos como o de Santo Ambrósio (340-397 d. C.), aclamado pelo povo para ser bispo de Milão (Itália), quando ainda era um simples catecúmeno que se preparava para ser batizado. São Cipriano, bispo de Cartago, que viveu no III século d. C. no norte da África, afirmava categoricamente que era vontade de Deus que o povo, reunido em assembleia, escolhesse o seu ministro (diácono, presbítero e bispo). São Cipriano dizia inclusive que, por direito divino, cabia também ao povo de Deus destituir o ministro sacrílego ou indigno, deixando bem claro que a escolha de um ministro ordenado que não contasse com a participação direta do povo, era uma "escolha contra a vontade de Deus”.

Ora, existe um princípio da Tradição cristã que afirma ser mais genuíno aquilo que está mais próximo e mais de acordo com as origens. Assim sendo, se poderia usar esse princípio para justificar a presença de mulheres no Colégio de Cardeais que elegem o bispo de Roma. Aliás, se poderia aproveitar da oportunidade para rever as nomeações de bispos no mundo inteiro, envolvendo mais o povo de Deus que se reúne numa Igreja local e que hoje tem o nome de "diocese”. As mulheres cardeais seriam inseridas juridicamente na Igreja de Roma e, enquanto tais, partícipes do conclave que elege o papa, na condição de representantes da comunidade cristã romana. Quanto a isso o Direito Canônico pode ser mudado sem maiores problemas. A não ser que se desse a elas algum ministério ordenado, o que seria auspicioso. Mas para se chegar a tanto ainda temos que fazer uma longa travessia, uma vez que numa Igreja machista e andrógena o ministério ordenado para mulheres parece impossível ou até mesmo uma grande heresia.

Superado esse obstáculo não haveria mais problemas, uma vez que as outras duas funções do Colégio de Cardeais não apresentam dificuldades jurídicas consistentes. Temos hoje na Igreja muitas mulheres competentes que poderiam prestar excelente assessoria ao papa nos mais diversos campos. Não vejo porque organismos da Cúria Romana, como o Pontifício Conselho para os Leigos, o Pontifício Conselho para a Família, o Pontifício Conselho para a Cultura e a Pontifícia Comissão "Justiça e Paz” tenham que ser presididos por homens e por bispos. Os leigos e as leigas dariam conta tranquilamente de funções como essas, mesmo lá dentro da Cúria Romana. Considero um verdadeiro absurdo que, por exemplo, o Pontifício Conselho para a Família seja presidido por um celibatário, alguém que nunca experimentou na própria carne as alegrias, as esperanças e também as angústias da vida a dois e da responsabilidade de educar filhos. Por isso, na maioria das vezes, os documentos e as normas que são emanadas por esses Dicastérios da Cúria Romana perdem-se no abstracionismo e no vazio: porque são elaborados por quem não experimenta e não vive a realidade sobre a qual falam.

Também aqui o princípio da Tradição mencionado anteriormente pode nos ajudar. Se voltarmos ao Novo Testamento, encontraremos mulheres, que junto com os apóstolos, exerciam funções muito significativas nas comunidades cristãs primitivas. Bastaria mencionar, por exemplo, o caso de Lídia que, pelo contexto do texto, devia ser uma animadora de comunidade da Igreja de Filipos, cidade importante da então Macedônia e que tinha status de colônia romana (At 16,11-40). Ao que tudo indica a casa (em grego: oíkos) de Lídia era a sede da comunidade. E como não se faz menção a nenhum homem que presidia essa casa, pode-se deduzir que, segundo o costume cristão da época, Lídia, enquanto a senhora da casa, presidisse também essa comunidade que lá se reunia e rezava (At 16,13). Pode-se chegar a pensar que, após ser batizada, Lídia tenha permanecido líder dessa comunidade, presidindo inclusive a ceia do Senhor que lá certamente era celebrada.

Há outro caso que nos ajuda a reforçar a certeza de que os leigos ocupavam funções de destaque na Igreja nascente. Trata-se do casal Priscila e Áquila, os quais, em Éfeso, se tornam os catequistas de Apolo (At 18,24-26), que se tornou depois um grande expoente da Igreja primitiva. Apolo não era uma pessoa qualquer, mas alguém versado nas Sagradas Escrituras. No entanto, é o casal Priscila e Áquila que expõe a Apolo "o Caminho de Deus” (At 18,26). Convém notar que todas as vezes nas quais o autor dos Atos dos Apóstolos faz referências a esse casal, o nome de Priscila é mencionado antes daquele do marido Áquila. Considerando a cultura androcêntrica de então, se pode crer que ela tinha uma função altamente importante na comunidade, a ponto de seu nome ser nomeado por Lucas antes do nome do marido.

Podemos, então, concluir que uma possível inserção de mulheres no Colégio Cardinalício é não só oportuna para os tempos atuais, mas está em plena sintonia com o cristianismo das origens. Não há razões para se afirmar que se trataria de uma heresia, de uma coisa que iria destoar do que há de mais genuíno na Tradição cristã.

Ter mulheres assessorando diretamente o papa, ocupando funções de presidência na Cúria Romana, com certeza ajudaria a combater a esclerose eclesiástica que toma conta da cúpula da Igreja Católica. Mulheres no Vaticano abririam muitas janelas e permitiriam que novos ares afastassem aquele cheiro de mofo que toma conta de nossa Igreja. A condição, porém, é que sejam chamadas para tais funções mulheres de mente e de coração aberto. Pois, há nos círculos conservadores de nossa Igreja certas mulheres e certas teólogas que introjetaram de tal forma o machismo, a ponto de se tornarem mais tradicionalistas, mais retrógadas e mais autoritárias do que os homens. Eu conheço algumas. E Deus salve a Igreja de criaturas assim.


8 comentários:

Anônimo disse...

Jornalista Jota Alcides novamente condenado por calúnia e difamação

O processo de calúnia e difamação, movido pela Diocese do Crato contra o jornal "Juanorte" - periódico online - e o jornalista J. Alcides, teve esta semana, mais um desfecho favorável à Diocese de Crato.
Por conta de várias publicações, em seu blog "Juanorte", contendo matérias ofensivas contra o bispo diocesano de Crato, dom Fernando Panico, os membros da 4ª Vara Cível de Brasília negaram a José Alcides Lima de Sousa - mais conhecido como Jota Alcides - o provimento que este jornalista havia interposto contra a condenação que lhe foi aplicada, anteriormente, pela Justiça do Distrito Federal. A decisão da 4ª Vara Cível de Brasília foi publicada na Edição nº 181/2013 de 23 de setembro último, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.

Os magistrados de Brasília, que julgaram o processo, foram unânimes em reconhecer que o jornalista Jota Alcides, nos ataques feitos à pessoa do Bispo de Crato: "abandonou a linha informativa e da crítica jornalística, ingressando no terreno do abuso de direito, em matéria que enreda comentários e insinuações, os quais, além de desprovido do suporte comprobatório, teve o objetivo de incutir nos leitores a conclusão de prática de atos indignos por pessoa e entidade de sólido conceito social".

Segundo a Justiça de Brasília as notas assinadas por Jota Alcides extravasaram os limites do direito de informação consagrado nos arts. 5º, IV, IX e XIV da Constituição Federal. Por isso, o recurso feito em defesa do jornalista foi, mais uma vez, considerado.

A unânime decisão serve de exemplo àqueles que se abstêm de exercer de forma coesa e imparcial o exercício de jornalismo, deixando de observar os princípios éticos e morais, praticando abusos, voltando-se, tão somente, para ataques pessoais.

Anônimo disse...

VOCÊ É O PRÓXIMO!!!

Aline Maria disse...

Armando Rafael você está prevendo decisões judiciais? isto é muito serio

Anônimo disse...

JORNALISTA "PÉ DE CHINELO", JORNALISTA CORRUPTO, IMORAL E PORNOGRÁFICO, AINDA TEM DINHEIRO RECEBIDO PELOS PODEROSOS PARA FINANCIAR A CAMPANHA CONTRA O BISPO DE CRISTO? JÁ ACABOU O DINHEIRO? PEÇA MAIS DINHEIRO AOS SEUS FINANCIADORES! VOCÊ É RIDÍCULO! VOCÊ É UMA CARNIÇA, CHEIA DE TAPURU! NA SUA FOTO, SEU OLHAR E SEU SORRISO SÃO DE UM PSICOPATA! SUA ESPOSA SABE DAS SUAS AMANTES? AINDA DÁ TEMPO PARA SE CONVERTER, SEU SERVO DO DIABO!

Unknown disse...

"Vim e continuo de mãos livres e limpas sem ter que pagar o que não devo" Vamos discutir os fatos da Diocese do Crato, questões pessoais não interessam aos leitores da Gazeta de Notícias nem da Revista Veja. Vamos nos deter nas questões administrativas da Diocese. O que é certo e o que é errado, isso sim fazem parte de nossa pauta jornalística. Essas ofensas 'ANÔNIMAS" só me engrandecem. É bom lembrar: faço jornalismo que afeta a vida e os interesses das pessoas. Construindo ou destruíndo reputações pelos fatos gerados. O que custo assinar os comentario?

Anônimo disse...

Eu não faço parte da Cúria Diocesana!!! Não sou membro, nem funcionário da Diocese!!! Mas quero que você saiba uma coisa, seu jornalista "cheira peido", se você tentar atrapalhar o 13º Intereclesial, você vai apanhar! Vou quebrar esse seu óculos ridículo e vazer você engolir! Os opúsculos eu vou rasgar e fazer você comer, sem nada para beber, além do seu próprio sangue! Eu estarei lá disfarçado, com mais trezentas pessoas (aguarde). Vai ser um quebra-pau que você vai publicar o resto da vida no seu jornal desmoralizado de 5ª categoria. Vocês vão apanhar na cara! Vai ser porrada até quebrarmos todos vocês! Como nós não temos nada a ver com o Bispo nem com a Cúria, como de fato não temos, você não poder provar nada! Se prepare para apanhar e ser humilhado em público! Uma outra pessoa que estou ansioso para literalmente quebrar na porrada é a prostituta da sua esposa. Sua esposa vai voltar para casa numa maca, e de lá para o cemitério. Vamos lá? Tudo OK? Apronte-se! Eu estarei pronto com os meus! Um forte e cordial abraço!

Anônimo disse...

Eu to vendo aqui seu comentário. O jornalista é meu irmão, e eu não tenho nada a perder. Já me envolvi com polícia de toda ordem civil, militar e federal, sempre me sai. Ande perguntando por ai quem é o irmão do jornalista. Estou levantando que está botanto esse recado fuleragem meu irmão. pode ter certeza que vou saber. voce vai ve que é que bate mais forte. Junte muita gente porque a parada é dura.

Unknown disse...

Olá! Boa tarde "ANÔNIMO”
Na próxima edição da Gazeta de Notícias esse seu comentário anônimo será matéria que publicarei como sendo de um LEÃO DE CHÁCARA/PISTOLEIRO do bispo Fernando Panico. Isso sim é uma ameaça de morte. Eu já sei de quem se trata, o anônimo, e oportunamente publicarei o nome com foto e tudo. Não há pressa. Mas esse seu comentário já está impresso e estou fazendo um BO – Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. O Delegado será informado da origem e seu nome. É uma grande besteira esse “anônimo” na internet é possível ver até a cor de seus olhos, quanto mais o endereço e de qual computar partiu essas asneiras.
Estamos defendo a Igreja Católica a qualquer custo. Vocês podem até dilapidar tudo, mas a grande imprensa, os bispos, o Vaticano e o povo vão ficar sabendo.
O tema da notícias agora será revertida: “Bispo ameaça jornalista de morte e padres prometem linchamento”.

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